top of page

De onde vem a nossa energia? Você sabe qual a matriz energética brasileira?

Foto do escritor: Business to ScienceBusiness to Science

Que a energia é fundamental para nossa sobrevivência e qualidade de vida você já sabe. Também já deve ter ouvido falar na necessidade de equilibrar a matriz energética para diminuir efeitos nocivos da exploração de fontes de energia não renováveis em nosso planeta. Porém, você saberia dizer quais fontes de energia são mais utilizadas no Brasil? Será que estamos muito atrasados em relação ao resto do mundo, no que se refere a diversidade energética? É sobre isso que vamos falar. 


A energia é essencial para o desenvolvimento humano, desempenhando um papel crucial em praticamente todos os aspectos da vida moderna, sendo a força motriz para as mais diversas atividades do nosso dia a dia. Matriz energética pode ser definida como a composição das diferentes fontes de energia utilizadas por um país ou região para atender às suas necessidades de consumo, podendo incorporar diferentes fontes como petróleo, gás natural, carvão, energia nuclear, e as energias renováveis como hidrelétrica, solar, eólica e biomassa. 


Nesses últimos anos, possivelmente você ouviu falar em termos como “transição energética”, “segurança energética”, “diversidade energética”, entre outros tantos veiculados em noticiários ou em debates especializados. É uma discussão extremamente importante e atual, e para entrar nesta discussão é fundamental compreender o conceito de matriz energética. Neste artigo vamos abordar o balanço energético brasileiro, com base no relatório da Empresa de Pesquisa Energética – EPE de 2023. Nosso objetivo é dar maior divulgação a esses dados e informações para alimentar esta discussão tão importante para o nosso futuro.


Como é a Matriz Energética Brasileira?


O Brasil se destaca globalmente pela sua diversidade de fontes de energia e capacidade de integrar fontes renováveis em sua matriz. Nosso balanço energético compreende desde as tradicionais fontes não renováveis como petróleo e gás natural, quanto fontes renováveis como as hidrelétricas, biomassa e eólica. Essa diversidade oferece grandes oportunidades, mas também apresenta desafios significativos que precisam ser enfrentados para garantir a segurança energética e o desenvolvimento econômico do país.


De acordo com o relatório consolidado do Balanço Energético Nacional – BEN de 2023 – publicado pela Empresa de Pesquisa Energética - EPE, veja link (Relatório Síntese do Balanço Energético Nacional 2023 - ano base 2022), o Brasil atingiu o total de 303,1 Mtep (milhões de toneladas de petróleo equivalente) de oferta interna de energia (OIE) em 2022, sendo 47,4% dessa oferta de fontes renováveis e 52,6% de fontes não renováveis, conforme mostra o gráfico abaixo.  


Matriz energética brasileira em 2022 – Balanço Energético Nacional – BEN de 2023 – publicado pela EPE
Matriz energética brasileira em 2022 – Balanço Energético Nacional – BEN de 2023 – publicado pela EPE

O principal tipo de fonte segue sendo o petróleo e seus derivados que respondem por 35,7% da oferta do país, e em seguida, temos a biomassa de derivados da cana-de-açúcar responsável por 15,4%. O gráfico abaixo apresenta em maior detalhe nossa matriz energética por tipos de fontes de energia. 


Matriz energética brasileira em 2022 – Balanço Energético Nacional – BEN de 2023 – publicado pela EPE
Matriz energética brasileira em 2022 – Balanço Energético Nacional – BEN de 2023 – publicado pela EPE

Para compreender nossa matriz energética é fundamental conhecer os conceitos dos tipos de fonte de energia. 


Quais são os tipos de fontes de energia da matriz energética brasileira?


> Fontes não renováveis (52,6%)


  • Petróleo e derivados (35,7%)

O petróleo é um combustível fóssil formado a partir da decomposição de matéria orgânica ao longo de milhões de anos. É extraído do subsolo e refinado para produzir uma variedade de derivados, incluindo gasolina, diesel, querosene, e produtos petroquímicos. Esses derivados são amplamente utilizados em transporte, indústria e geração de eletricidade, representando uma parte significativa da matriz energética devido à sua alta densidade energética e versatilidade.


  • Gás Natural (10,5%)

O gás natural é um combustível fóssil composto principalmente por metano. É extraído de reservatórios subterrâneos e pode ser utilizado diretamente para aquecimento, geração de eletricidade e como matéria-prima na indústria química. O gás natural é considerado uma fonte de energia mais limpa em comparação com outros combustíveis fósseis, emitindo menos dióxido de carbono e poluentes quando queimado.


  • Carvão Mineral (4,6%)

O carvão mineral é um combustível fóssil formado pela decomposição de vegetação antiga sob altas pressões e temperaturas ao longo de milhões de anos. Ele é extraído de minas e utilizado principalmente na geração de eletricidade e na produção de aço. Embora abundante e de baixo custo, o carvão é a fonte de energia mais poluente, contribuindo significativamente para as emissões de gases de efeito estufa e poluentes atmosféricos.


  • Urânio (1,3%)

O urânio é um elemento químico utilizado como combustível em reatores nucleares para gerar eletricidade. A energia nuclear é produzida através da fissão dos átomos de urânio, liberando uma grande quantidade de calor que é usado para gerar vapor e acionar turbinas elétricas. Apesar de gerar resíduos radioativos, a energia nuclear é uma fonte de baixa emissão de carbono, contribuindo para a redução de gases de efeito estufa.


  • Outros não renováveis (0,6%)

Outras fontes não renováveis incluem uma variedade de combustíveis fósseis e materiais não especificados, como xisto betuminoso e areias betuminosas. Esses recursos são utilizados em menor escala devido a suas características específicas e limitações econômicas ou tecnológicas. Embora menos comuns, contribuem para a diversificação das fontes de energia não renováveis disponíveis na matriz energética.


> Fontes renováveis (47,4%)


  • Biomassa da cana-de-açúcar (15,4%) 

A biomassa é uma fonte de energia obtida a partir de matéria orgânica, como resíduos agrícolas, florestais e industriais. Esses materiais, como bagaço de cana, cavacos de madeira, cascas e palhas, são convertidos em energia por meio de processos como a combustão direta, a fermentação e a digestão anaeróbica, gerando calor, eletricidade e biocombustíveis.

A biomassa é um resíduo proveniente de matéria orgânica utilizado para produzir energia. No caso da biomassa da cana-de-açúcar, o material que sobra após a moagem para produção de etanol e açúcar, por exemplo, é reutilizado para queima e geração de vapor. Esse vapor produz energia, não apenas alimentando a infraestrutura das usinas, mas também permitindo acionar geradores de energia elétrica que atendem ao Sistema Interligado Nacional (SIN). Além do bagaço de cana, outras formas de biomassa, como cavacos de madeira, cascas e palhas, também podem ser empregadas para a geração de energia.


  • Hidráulica (12,5%)

A energia hidráulica, ou hidrelétrica, é gerada pelo movimento da água em rios e quedas d'água. As usinas hidrelétricas aproveitam a energia potencial da água armazenada em reservatórios, convertendo-a em energia mecânica por meio de turbinas, que é então transformada em eletricidade por geradores. Esta é uma das fontes de energia renovável mais utilizadas no Brasil.


  • Eólica (2,3%)

A energia eólica é obtida a partir do movimento do vento. Turbinas eólicas, instaladas em áreas com ventos constantes, capturam a energia cinética do vento e a convertem em energia mecânica, que é então transformada em eletricidade por geradores. A energia eólica é uma fonte limpa e renovável, e apresenta um crescimento significativo em todo o mundo.


  • Lenha e carvão vegetal (9,0%)

A lenha e o carvão vegetal são formas de biomassa derivadas de madeira e resíduos florestais. A lenha é usada diretamente como combustível para aquecimento e atividades domésticas, enquanto o carvão vegetal é produzido pela carbonização da madeira em fornos específicos. Ambos são fontes de energia tradicionais e renováveis, embora sua produção possa ter impactos ambientais significativos se não for manejada de forma sustentável.


  • Lixívia e outros renováveis (7,0%)

Lixívia, também conhecida como licor negro, é um subproduto da indústria de papel e celulose, resultante do processo de polpação da madeira. É rica em materiais orgânicos e pode ser utilizada para gerar energia através da combustão.


  • Solar (1,2%)

A energia solar é captada a partir da radiação solar utilizando painéis fotovoltaicos que convertem diretamente a luz solar em eletricidade, ou através de coletores solares, dispositivos utilizados para captar e absorver o calor proveniente do Sol para aquecer água ou outros fluidos. 


E para onde vai essa energia?


Em 2022, o setor de transportes (de carga e de passageiros) foi responsável por 33% da destinação de energia no Brasil, liderando junto ao setor industrial, responsável por 32%, a demanda por consumo de energia no país. Juntos esses setores demandam 65% do nosso consumo interno. Além desses, os principais demandantes são as residências com 10,7%, setor energético com 8,7%, de serviços com 5,0% e a agropecuária com 4,8%.


Imagem

E como o Brasil está em comparação a matriz energética mundial?


A matriz energética global apresenta uma tendência crescente em direção à diversificação e à incorporação de mais fontes renováveis de energia, na tentativa de reduzir as emissões de gases de efeito estufa e mitigar impactos climáticos e ambientais. Como mostrado acima, no Brasil as fontes renováveis totalizam 47,4%, ou seja, quase metade da nossa matriz energética. No contexto global, de acordo com dados do IEA (International Energy Agency), as fontes renováveis respondem por apenas 15% da matriz energética mundial. 

Observe abaixo em maior detalhe as principais fontes de energia globais. 


Matriz energética mundial em 2021, publicado pela EPE – fonte IEA
Matriz energética mundial em 2021, publicado pela EPE – fonte IEA

O que podemos concluir?


Fica evidente que compreender a matriz energética é fundamental para garantir a segurança energética, sustentabilidade e o desenvolvimento econômico de um país. Apesar de vermos diversas iniciativas e investimentos visando a utilização de fontes renováveis, a matriz global ainda se mostra fortemente dominada por combustíveis fósseis como petróleo, carvão e gás natural. Podemos dizer que a matriz energética brasileira é destacadamente mais renovável em comparação a média global, refletindo uma combinação de fatores históricos, políticos e características naturais que favorecem essa diversidade energética.



Qual é a sua opinião sobre esse tema? Compartilhe nos comentários!

50 visualizações0 comentário

Comentarios


bottom of page